3.6.16

No que respeita ao futebol, tornei-me um pacheco pereira


Hoje fui ao baeta. Quando estou no baeta, vou consumindo, contra a minha vontade, um banho de lixo televisivo, apenas variando o canal sintonizado. Hoje era a RTP1. Ao primeiro corte da tesoura, pelas 9h30m, começou um noticiário. A primeira notícia era sobre futebol. O resumo de um jogo em menos de 20 segundos e uma estopada de opiniões de jogadores e de treinadores que demorou minutos. A segunda notícia foi sobre futebol. E a terceira. E a seguinte. E mais outra… À medida que as notícias sobre futebol se sucediam, concluí que se tratava de um noticiário de “desporto”.
(insisto em pôr desporto entre aspas, porque há muito tempo que o futebol profissional deixou de ser desporto)
Ao fim de 10 minutos inqualificáveis, em que, de imagens de futebol propriamente dito, só houve aqueles cerca de 20 segundos, e que incluíram um direto de uma jornalista à porta de um tribunal onde ia decorrer a audiência preliminar num processo judicial de indemnização movido pelo Benfica a Jorge Jesus, audiência que a jornalista lamentava não poder ter cobertura jornalística,
(se soubessem realmente o que é uma audiência preliminar, não tinham posto lá os pés, mas já não digo nada)     
surge, inesperadamente, uma notícia sobre a anunciada reabertura de tribunais encerrados pelo anterior Governo. É então que constato que se tratava de um noticiário normal, e não de um noticiário desportivo. Digo “normal” porque isto, apesar de ser completamente absurdo, já não é anormal.  
Eu
(que, num passado longínquo, até fui um ávido amante de futebol, ao ponto de ter chegado a ter cartão de sócio)
passei de uma fase de enjoo para uma fase de crescente aversão ao futebol. Estou convicto de que irreversivelmente crescente. São anticorpos. Diariamente vou gerando cada vez mais anticorpos contra o futebol.
(é chato, vivendo num país alienado pelo futebol)
É, pois, com “muita pena” que não assisti à reportagem televisiva que Bagão Félix descreveu anteontem no blogue Tudo Menos Economia, sob o título “Esqueci-me de ver a marca dos autocarros!”. A ler, aqui. Não é preciso acrescentar mais nada.  

(nota sobre o título: não conheço, em Portugal, pessoa que tenha mais aversão ao mundo do futebol do que Pacheco Pereira. Bagão Félix é - ou era - adepto do futebol)

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