23.10.14

Agradecimento público a Paula Teixeira da Cruz

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Excelentíssima senhora ministra da Justiça,
Sei que vossa excelência deve andar ocupadíssima, nessa interessante competição com Nuno Crato para ver quem faz mais borrada, mas 
peço-lhe só um minutinho ou dois de atenção.
Começo por lhe dizer que, apesar de tudo, até lhe reconheço algum mérito – isto se dermos à palavra “mérito” um sentido muito amplo: no dia em que Celeste Cardona deixou de ser ministra, pensei cá para com os meus botões: «pior ministro da justiça é impossível». Mas depois apareceu vossa excelência, provando que em matéria de qualidade de governação não há impossíveis. Não era nada fácil bater Celeste Cardona. Mas vossa excelência faz a dona Celeste parecer a quinta-essência da administração da Justiça.
(não sei se isto poderá valer como elogio)
No dia 1 de setembro, eu estava cheio de vontade de trabalhar e de enfrentar mais um ano de Justiça pára-arranca. Calhou ter sido esse o dia em que vossa excelência decidiu implementar uma reforma do mapa judiciário preparada em cima do joelho. Quando, nesse dia, abri o Citius, uma informação dava-me conta de que «nas próximas horas» o sistema estaria a funcionar em pleno
(na semana passada, mês e meio volvido, a mesma informação ainda por lá continuava)
O resto da história é conhecido. Os milhões de processos judiciais que existiam antes da sua reforma é como se não existissem. E eu fiquei praticamente sem trabalho para fazer. Ora, eu não gosto de ser mal-agradecido. Por isso, venho agradecer-lhe publicamente a gentileza de me ter concedido mais de um mês e meio
(até agora)
de inesperadas férias. Apenas lamento que a oferta não tenha sido acompanhada de um generoso subsídio de férias, para eu poder ir gozá-las a um sítio distante – por exemplo, a um país com um ministro da Justiça a sério –, mas reconheço que isso seria pedir muito e que a sua colega maria luís também não iria na conversa.
(a menos que arranjássemos maneira de meter o subsídio nas contas do BES)
Agora, senhora ministra, é imprescindível tomar medidas para recuperar o atraso para o qual vossa excelência contribuiu fortemente desde que o sistema implodiu no início de Setembro. É que os processos podem estar no Citius (nem todos), mas continua tudo quase parado. Peço-lhe, pois, que resolva o problema
(pensando bem, se calhar é melhor vossa excelência pedir a alguém para o resolver)
porque estar de férias é muito giro, mas eu preciso de trabalhar. É que eu não vivo do ar.
Obrigado, mesmo assim, pelas férias. Têm sido altamente.
Cumprimentos,
Um profissional do setor da justiça em férias forçadas
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