3.3.14

Portugal, Fevereiro de 2014 (I)

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1  O sexto ano mais quente
A Organização Mundial de Meteorologia divulgou em comunicado que 2013 foi o 6.º ano mais quente desde que há registos (ou seja, desde 1850). Na lista dos 14 anos mais quentes de sempre estão os 13 anos deste século (2001 a 2013) e o ano de 1998. Deixar um futuro menos negro aos nossos filhos não depende só de políticas governamentais: depende de todos nós e de pequenas ações diárias como, por exemplo, usar menos o carro e não deixar luzes acesas ou aparelhos ligados desnecessariamente.

2  Consumo de energia: a boa e a má notícia
O Eurostat divulgou as estatísticas do consumo de energia na União Europeia em 2012. O consumo voltou a diminuir, sendo que entre 2006 e 2012 baixou em 24 dos 28 países da União (redução total de 8% na UE). Em valores absolutos, 5 países (Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha) foram responsáveis por 77% da redução total do consumo de energia na União. Em termos relativos, Portugal teve a segunda maior redução de consumo (15,2%), o que, sendo uma boa notícia, se deve, porém, fundamentalmente à grave crise económica que o país atravessa, pelo que será sobretudo conjuntural (a Grécia é outro dos países com maior redução em percentagem).

3  Noite de convívio em Vendas Novas  
9 de Fevereiro. Num fim de tarde frio e de temporal, a CP, perante o encerramento da ponte 25 de Abril (entre Almada e Lisboa), resolveu deixar 12 passageiros do comboio Intercidades Évora-Lisboa - que tinham como destino as estações de Pinhal Novo e de Pragal/Almada, ambas situadas antes da ponte - na estação de Vendas Novas (Alentejo), onde, segundo o que lhes foi dito, três táxis os levariam aos seus destinos. Como sucede com a maioria das estações ferroviárias do país, a estação estava encerrada e foi, portanto, abandonados ao frio que os passageiros ficaram à espera dos táxis prometidos. Ao fim de duas e horas e meia, de táxis nem sinal. Na estação, ninguém para dar informações. Alguns acabaram por pedir a familiares para os irem buscar. Para estes passageiros, a viagem desde Évora deveria ter durado apenas 49 min (até Pinhal Novo) ou 1 h 12 min (até Pragal). A linha de Évora é a linha ferroviária mais rápida do país. Uma linha de ponta com uma potencialidade extraordinária. Mas a falta de respeito que a CP tem para com os seus passageiros não ajudará muito a captar e a segurar clientela…

4  CP com nova queda do número de passageiros em 2013
A CP voltou a perder passageiros em 2013 (ano em que, para variar, não houve encerramento de linhas). Desta vez, a descida foi de 4%. A CP destacou o facto de esta queda ter sido inferior à do ano anterior, mas a verdade é que, com oscilações menores ou maiores, a tendência de erosão do número de passageiros ferroviários em Portugal é muito nítida e vem desde 1989. Em 1988, a CP transportou 231 milhões de passageiros. Em 2013, já foram apenas 107 milhões.
(Enquanto isto, a transportadora ferroviária espanhola RENFE anunciou que em 2013 foi batido novo recorde de passageiros transportados nos comboios de longo curso, com um crescimento de 13% de 2012 para 2013 e o maior número anual de passageiros da história da ferrovia espanhola.)

5  Sinistralidade rodoviária a aumentar
Depois de ter aumentado em 2013, o número de desastres rodoviários com vítimas continua a aumentar em Portugal este ano (dados até 21 de Fevereiro). Além da subida do número de desastres, está também a aumentar o número de feridos graves, entre os quais se incluem aqueles que ficam inválidos para o resto da vida.

6  Menos apoios aos deficientes
Enquanto os desastres de viação engrossam todos os dias o número de deficientes em Portugal, o Governo voltou a cortar nos apoios às pessoas com deficiência (ex. ajudas para a aquisição de cadeiras de rodas ou de próteses). Segundo a Associação Portuguesa de Deficientes, os apoios, que já eram dramaticamente insuficientes, são ainda mais baixos em 2014. A associação continua a denunciar a hipocrisia de o estado português ter subscrito há poucos anos a Convenção sobre os Direitos as Pessoas com Deficiência, mas continuar, na prática, a ignorá-la. O tratamento miserável que é dado às pessoas com deficiência neste país não é, infelizmente, apenas uma questão governamental e autárquica. Estende-se à sociedade portuguesa. Como? Por exemplo, quando, de norte a sul do país, tantos e tantos automobilistas estacionam os carros em cima dos passeios ou nas passadeiras, impedindo a circulação de cadeiras de rodas e colocando em perigo os cegos.
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7  Sem-abrigo qualificados
São dados divulgados pela SCML a meio do mês, baseados em inquéritos realizados ao longo dos meses anteriores: um terço dos sem-abrigo em Lisboa têm o ensino secundário, técnico ou mesmo superior; 5% são licenciados.

8  Competitividade: CTT e caracóis
À primeira, estranhamos a demora no recebimento da carta e até somos tentados a pedir uma 2.ª via, convencidos de que a carta se extraviou. Depois, percebemos que foi mesmo atraso. Com o tempo, começamos a perceber que os “atrasos” se tornaram frequentes. Quando os CTT levam, por exemplo, mais de uma semana a transportar uma carta entre dois locais da região de Lisboa que distam entre si apenas 20 km, concluímos que a qualidade do serviço que nos estão a prestar é abaixo de miserável. A pergunta que se impõe é: o facto de os CTT terem sido privatizados há três meses será apenas coincidência ou este é o novo nível de qualidade de serviço da empresa privatizada?
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