18.9.12

Provado: a combustão do gasóleo provoca cancro

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Já não há a mínima dúvida – está cientificamente demonstrado que as substâncias libertadas pela combustão do gasóleo rodoviário provocam cancro, nomeadamente cancro do pulmão e cancro da bexiga. Como convém, a notícia, pequena e discreta, terá passado despercebida a muita gente: três meses atrás, a Organização Mundial de Saúde (OMS) inscreveu as substâncias libertadas pela combustão do gasóleo no grupo das substâncias que comprovadamente provocam cancro (Grupo 1, no qual já figuravam, por exemplo, o tabaco e as radiações solares; as substâncias libertadas pela combustão da gasolina estão inscritas no Grupo 2 da lista da OMS - grupo no qual estava, até aqui, o gasóleo -, como substâncias potencialmente carcinogénicas, por existir já alguma prova científica nesse sentido).
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A OMS alertou, por isso, para a necessidade de se diminuir a exposição da «população em geral» a estas substâncias, «dado o [seu] impacto na saúde das pessoas».
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Esta conclusão é particularmente preocupante no caso das populações que vivem em zonas urbanas e que estão diariamente expostas a estas substâncias (a exposição diária é precisamente um fator de risco mais elevado), mais preocupante ainda em cidades como as portuguesas, que continuam pejadas de automóveis, grande parte deles com motores a gasóleo, e muito preocupante no caso das crianças que vivem ou estudam nessas zonas, porque têm um sistema imunitário mais enfraquecido.
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Sabe-se hoje que os próprios condutores estão constantemente a inalar as substâncias libertadas pela combustão dos veículos, dentro do carro, mesmo que tenham todas as janelas fechadas, e quanto mais regular for essa exposição (ex. utilização frequente do carro), maior é, naturalmente, o risco de virem a contrair um tumor. Isso deve-se, sobretudo, à deficiente estanquidade dos veículos.
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Por outro lado, a combustão do gasóleo provoca cancro independentemente da idade do veículo. Por isso, medidas como aquela que a Câmara Municipal de Lisboa adotou recentemente, de proibição de circulação, na zona central da cidade, de veículos (a gasóleo ou a gasolina) com mais de 20 anos, podem contribuir alguma coisa (muito pouco, na realidade) para reduzir a poluição atmosférica em zonas mais problemáticas, mas não são suficientes no que diz respeito ao cancro.
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O que cabe perguntar agora - quando já não existe qualquer dúvida de que a combustão do gasóleo causa cancro e, portanto, as autoridades não podem continuar a assobiar para o lado - é se a este assunto vai ser dado o mesmo tratamento do tabaco.
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É que, decorridos três meses desde a divulgação desta notícia, o radar do Pombal do Marquês não captou uma única palavra no sentido da adoção de medidas destinadas a proteger os cidadãos da exposição generalizada, nas zonas urbanas, a estas substâncias carcinogénicas.
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Nos últimos anos, tomaram-se medidas (ainda que de forma deficiente) no sentido de proteger os não fumadores da exposição ao fumo do tabaco. Espera-se agora que (em especial) os cidadãos das zonas urbanas, particularmente expostos a estas substâncias carcinogénicas no seu dia-a-dia, beneficiem, no mínimo, da mesma proteção, porque o que está em causa, em última análise, é o mesmo.
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Para o efeito, é preciso restringir de forma séria a utilização do carro particular nas nossas cidades, em especial o carro movido a gasóleo (como não é de esperar que os automobilistas deixem de utilizar regularmente o carro por causarem graves problemas de saúde aos outros, a iniciativa terá de partir dos autarcas e dos governantes nacionais), e ponderar medidas como aumentar o imposto sobre o gasóleo e sobre os automóveis a gasóleo (para fazer subir os respetivos preços, tal como se faz com o tabaco), proibir a publicidade a automóveis movidos a gasóleo (mais uma vez, tal como se faz com o tabaco) e impor que a substituição de frota de autocarros se faça por veículos "mais limpos".
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O Pombal do Marquês está a ponderar criar uma petição - mas, por enquanto,  para que os autarcas desta zona (Cascais e Oeiras) não venham um dia a invocar que desconheciam a prova da relação entre a circulação rodoviária e o cancro, vai-lhes ser dado conhecimento do teor deste texto e do documento da Organização Mundial de Saúde. Sugiro-lhe que faça o mesmo. Pela sua saúde.
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Outro país, outra preocupação para com estas questões: este sinal, colocado num parque de estacionamento, obriga os condutores dos autocarros de turismo a desligarem os motores. Os motores a trabalhar de um veículo parado contaminam o ar à sua volta. Mas em Portugal não existe a mínima sensibilidade para isto.
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