9.9.12

Autarcas com automóveis no cérebro (continuação)

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(Segunda de duas partes. Para ler o início, clique aqui)
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5 - E para o fim foi reservado o pormenor mais aberrante: a obra implicou a (re)construção de um passeio na Rua Ilha Terceira. Por força da alteração do local de entrada da escola, esse passeio passou a constituir o acesso pedonal ao portão de entrada da escola.
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Parece mentira, mas não é: este é o passeio de acesso à entrada da escola:
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O passeio não é só absurdamente estreito para um local com elevado fluxo pedonal (a escola tem mais de mil alunos): em parte do percurso, constitui, para os peões, uma gincana ridícula por entre as árvores:
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(esclarece-se que a lei – que, obviamente, não foi cumprida – obriga a uma largura mínima de passeio inteiramente livre de obstáculos de 1,2 metros)
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E eis os alunos a caminho da escola (esta é só uma pequena amostra: às horas de grande fluxo pedonal o cenário é deprimente, com hordas de alunos a tentar circular por este passeio absurdo – e outros, sem paciência para isso, a escolherem a faixa de rodagem):
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(evidentemente, uma cadeira de rodas não passa aqui…)
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Como é que é possível uma solução destas no acesso pedonal ao portão de entrada de uma escola?! O que é que terá passado pela cabeça destes autarcas?
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A única preocupação parece ter sido garantir lugares de estacionamento para os carros – e o estacionamento automóvel é a causa da ridícula largura do passeio construído.
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De facto, era muito fácil construir um passeio mais largo, minimamente decente (e sem necessidade de cortar as árvores, que estão muito bem ali): bastava eliminar lugares de estacionamento ou, na pior das hipóteses, dispor os lugares de estacionamento paralelamente ao passeio, em vez da solução do estacionamento em espinha (que, para piorar as coisas, permite que as dianteiras dos carros ainda invadam um passeio já de si estreito, como se vê nas imagens). Isso significaria, claro, reduzir o número de lugares de estacionamento – mas falta de lugares de estacionamento é coisa que não existe nesta rua (durante todo o dia, 365 dias por ano, há sempre dezenas e dezenas de lugares livres)!
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Denominador comum de tudo isto: nada foi esquecido para facilitar a vida a quem anda de carro, e o que foi feito dificulta a vida para quem se desloca a pé. O automóvel continua a ser olhado como o principal meio de transporte em zona urbana. Precisamente o contrário do que se deve fazer hoje: privilegiar as deslocações a pé, de bicicleta e de transporte público, em relação ao automóvel particular. Estes já não são autarcas do seu tempo: pararam algures no século passado, quando ainda se olhava para o automóvel como a solução rainha para a mobilidade urbana.

VER AQUI A SITUAÇÃO, UM ANO DEPOIS (SETEMBRO DE 2013)
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O blogue Pombal do Marquês vai reclamar das autarquias envolvidas:
I – O restabelecimento da entrada da escola pela Rua das Escolas, corrigindo-se um erro que prejudica os alunos que acedem à escola a pé, que aumenta injustificada e desnecessariamente o caos no tráfego rodoviário e prejudica a tranquilidade, a segurança e a saúde dos residentes nas ruas Ilha Terceira e Ilha do Faial.
II – Apenas se isso não for viável: a proibição do trânsito automóvel nas ruas Ilha Terceira (primeiro quarteirão) e Ilha do Faial, exceto para residentes, com mecanismos de fiscalização que garantam, nos primeiros tempos, o cumprimento efetivo da proibição (para que os automobilistas se habituem a outra alternativa).
III – O estabelecimento do limite máximo de velocidade de 30 km/h nas ruas Ilha Terceira, Ilha do Faial e Ilha das Flores.
IV – A implementação de uma passagem de peões sobrelevada ao nível do passeio em frente à entrada da escola, com eliminação dos lugares de estacionamento conflituantes com essa solução (eliminando-se também o estacionamento a menos de cinco metros da passadeira, regra de segurança que nestas autarquias também se parece desconhecer, mas que é imposta no artigo 49.º do Código da Estrada).
V – A colocação de sinalização, na Rua Ilha Terceira, de aviso dos condutores da proximidade de uma escola.
VI – O alargamento do passeio Sul da Rua Ilha Terceira, mediante eliminação de lugares de estacionamento ou a alteração da disposição do estacionamento automóvel, garantindo-se, pelo menos, a largura mínima de passeio livre de obstáculos exigida na lei (embora, face ao fluxo pedonal existente, o passeio devesse ter uma largura maior do que essa).
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Os partidos de oposição camarária e as juntas de freguesia também vão ser informados desta situação absurda.
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Se não houver resposta positiva, este caso será denunciado em blogues com maior afluência e na comunicação social.SPE
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P.S. (1) A Associação de Pais da Escola Secundária Quinta do Marquês tem um sítio na internet. Visita-se o sítio e conclui-se: este tipo de questões está longe de constituir preocupação para os pais dos alunos, mesmo estando em causa a segurança dos seus filhos. Será distração ou indiferença?
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P.S. (2) Com o intuito de acelerar as obras, foi pedida uma licença especial de ruído à Câmara Municipal de Oeiras, no sentido de as obras poderem ser feitas também à noite e aos fins-de-semana – isto em pleno bairro residencial! A única preocupação destes senhores, relativamente a ruído, era acautelar a paragem das obras nos dias de realização de exames, para não perturbar os alunos em realização de provas.
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