Da história não
rezarão casos em que alguém chega junto de bebé alheio e comenta
“É um bocadito feio”
Pelo contrário, a cortesia
social leva-nos normalmente a dizer
“Tão lindo!”
mesmo que sem a mínima
convicção, mesmo que depois do
“Tão lindo!”
confidenciemos a outra pessoa
“É tão feinho, coitado, Deus o
ajude”.
Para uma mãe, no entanto, a
sinceridade do
“Tão lindo!”
nunca é minimamente posta em
causa, porque não há mãe que não ache o seu bebé lindo. Em cada
“Tão lindo!”
a mãe obtém a mera confirmação
de um facto óbvio, que está à vista de toda a gente.
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Esta semana, na comemoração do
Dia da Mãe na creche dos meus bebés, uma das atividades que pediram às mães
para fazer foi escrever num cartão, a partir de iniciais, as palavras que elas
achavam que mais bem descreviam os seus bebés. Todas as mães, sem exceção,
aproveitaram a inicial “L” para escrever “lindo” ou “linda”.
Mesmo que seja mais difícil ver
fealdade num bebé do que numa criança mais velha, não é verdade que todos os
bebés sejam lindos. Há bebés francamente feios. E há outros que, não sendo
feios, também não são particularmente bonitos.
Uma das mães que escreveu
“lindo” foi a mãe dos meus bebés. Mas, neste caso particular, nem vejo que outra
palavra pudesse ter sido escolhida. Posso confirmar: os meus bebés são mesmo
lindos. Aliás, toda a gente o tem reconhecido. Uma unanimidade em muitas
centenas de pessoas, incluindo muitos desconhecidos na rua. E
não é possível que tanta gente esteja enganada, pois não? Cortesia social? Não,
neste caso não pode ser. É óbvio. Está à vista de toda a gente. Nem imagina a Anne Geddes.
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