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Miguel Macedo, um dos poucos
ministros “simpáticos” do Governo que temos, demitiu-se ontem do cargo de
Ministro da Administração Interna. Embora seguramente não tenha sido essa a sua
intenção, deu, com a sua demissão, uma lição aos inqualificáveis ministros da
Educação e da Justiça, que há muito deviam ter seguido o mesmo caminho. Miguel
Macedo fez simplesmente o que devia fazer. E o seu ato de demissão só nos deixa
agradavelmente surpreendidos porque já estamos muito mal habituados, com gente
do nível de Paula Teixeira da Cruz, Nuno Crato e outros.
Mas não são os elogios unânimes ao ato
de demissão do ex-MAI que mais me impressionam. Tenho mais dificuldade em
compreender os elogios aos seus três anos e meio de governação. O
mandato de Miguel Macedo ficou, para mim, irremediavelmente manchado por duas
coisas. Na verdade, são mais, mas fiquemo-nos por estas duas. A primeira foi a carga
policial que se seguiu a uma célebre manifestação em frente à Assembleia da República, fez agora dois anos, em que agentes da PSP
estiveram duas horas a ser selvaticamente apedrejados por meia dúzia de delinquentes, cujo comportamento violento contrastou com a pacificidade dos restantes manifestantes. A polícia podia ter evitado aquela situação e, consequentemente,
a carga policial que se lhe seguiu, que atingiu muitos
inocentes, incluindo crianças, naquele local e nas redondezas (porque o local ficou deserto num abrir e fechar de olhos, o que, teoricamente, era o objetivo da polícia), e com um uso excessivo da força, como foi então denunciado pela Amnistia Internacional. Miguel Macedo, “chefe” das polícias, acabou quase unanimemente elogiado naquela
noite, até por adversários políticos, o que continuo a achar bastante preocupante,
porque aquilo que se passou foi grave.
A segunda coisa é o facto de
Miguel Macedo ter sido um ministro deste Governo. Não consigo compreender como é
que se pode elogiar um ministro que, enquanto tal, foi corresponsável (e não apenas
cúmplice) pelas barbaridades que este Governo tem
feito ao país. Há ministros piores do que outros, sem dúvida. Mas nenhum ministro
deste Governo merece ser elogiado. Haja coerência!
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