Há quem diga que um dos problemas estruturais da nossa economia consiste na falta de jeito dos portugueses para o negócio.
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Mas isso está a mudar. Pelo menos aqui na zona do Pombal do Marquês.
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No pequeno bairro onde vivo existem vários cafés, mais um pronto a comer onde é possível beber café (e ainda três restaurantes), tudo concentrado numa pequena parte do (já de si pequeno) bairro. Cada vez que nos apercebemos de que vai abrir um estabelecimento, desatamos a tentar adivinhar o que vai ser: uma farmácia? Uma papelaria? Uma drogaria? Uma livraria? E lá abre outro café.
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E logo surgem as más-línguas do costume: «com tanta concorrência, decidem abrir outro café?! Não têm hipóteses!».
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Mas se pensarmos bem, isto tem uma lógica. O proprietário de um terreno agrícola abandonado quer torná-lo produtivo, mas não sabe o que há-de cultivar. Solução: olha para os terrenos vizinhos e decide: “vou plantar o mesmo: se se dá bem ali ao lado, também há-de crescer bem no meu terreno”. Com a história dos cafés é mais ou menos o mesmo: uma análise atenta do mercado da zona permite concluir que “o que está a dar neste bairro são cafés”. Portanto, toca de plantar mais um.
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Há poucas semanas, um destes visionários abriu aqui mais um café. Naquele espaço já tinha existido outro café, que fechou por falta de clientela; sucedeu-lhe, meses depois, um novo café (com novo dono), que também fechou por falta de clientela. Agora, o novo dono do espaço pensou, pensou e, eureca!, lembrou-se de abrir - quem diria! - um café. Excelente jogada.
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Claro que, tendo em conta o actual clima de profunda recessão económica, com o consumo privado a cair a pique, o IVA destes estabelecimentos prestes a subir quase para o dobro e a forte concorrência de outros cafés a poucos metros de distância, com a sua clientela habitual estabelecida, é necessário recorrer a estratégias comerciais agressivas para captar clientes.
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No novo café, decidiu-se apostar numa estratégia inovadora – e é por ser inovadora que merece destaque neste blogue:
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SPACEÉ isso mesmo: o cliente pode comprar uma cerveja pelo fantástico preço de duas.
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É uma estratégia agradável para o consumidor. É claro que não vai consumir uma cerveja neste café, pagando por ela o preço de duas. Mas quando beber uma cerveja num dos outros cafés, ficará, pelo menos, com a sensação de estar a poupar dinheiro: «se eu bebesse uma cerveja naquele café do outro lado da rua, estaria a pagar o dobro», pensará o feliz consumidor.
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Só ainda não percebi muito bem o que é que o autor da estratégia ganha com isto. Mas isso é porque não tenho formação na área. Há-de haver uma explicação. Porque estes senhores são uns visionários.
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