29.9.11

Petição pela independência da Madeira - e outras pérolas

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É com satisfação que acabo de constatar que os madeirenses já se lembraram de uma petição pela independência da Madeira (“Petição Queremos a independência da MADEIRA!). O que vai ler a seguir é uma transcrição rigorosa (não há gralhas na transcrição) do texto da petição (leia o texto devagar, porque vale a pena):
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«A Madeira é cada mais do que uma região autónoma. Tem os seus givernantes, a sua lingua, os seus costumes e tradições e mesmo ose orçamento. Os maeirenses acreditam serem capazes de económicamente indeoendentes e auto suficientes e por isso é mais que justo que lhes seja concedida a independência politiva e administrativa total,ou seja, a MAdeira deve ser considerado um país e ser reconhecida a sua autodeterminação.
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A autodeterminação dos povos é o princípio que garante a todo povo de um país o direito de se autogovernar, tomar suas escolhas sem intervenção externa, ou seja, o direito à Soberania, ou seja, de um determinado povo de determinar seu próprio status político. Em outras palavras, seria o direito que o povo de determinado país tem de escolher como será legitimado o direito interno sem influência de qualquer outro país.
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Por estes motivos e para bem de Portugal vamos conceder a independência à Madeira!».
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Confirma-se, mais uma vez, que o ensino na Madeira anda pelas ruas da amargura. Só seis pessoas é que subscreveram esta petição. E compreende-se: quem é que se dispõe a colocar a sua assinatura num texto destes?
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Confirmando a tradicional desorganização portuguesa, não há apenas uma petição pela independência da Madeira, mas três (pelo menos). Uma outra tem um texto de apenas duas linhas, que começa assim: «se os madeirenses acham muito bem que o Alberto João Jardim tenha feito o que fez porque fez “obra”, então que fiquem com ele e que se arranjem para pagar o que ele deve». Subscreveram-na 15 pessoas, a primeira das quais fez questão de comentar: «mural da história os PARVALHÕES até somos nós». Não posso, claro, subscrever esta petição. Se os PARVALHÕES somos nós, fazia mais sentido uma petição para tornar Portugal independente de todos nós. Entregar o Continente a Alberto João Jardim e aos madeirenses, por exemplo.
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Uma terceira petição pela independência da Madeira tem um texto de duas linhas e meia:
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«Perante os últimos dados sobre a situação da Região Autónoma da Madeira; as declarações do seu líder eleito; a aparente falta de motivação dos Madeirenses para acatar e respeitar as Leis e a autoridade da República ou mudar de liderança, apresentamos esta petição pela declaração de uma Madeira Independente, livre da administração Portuguesa e livre para seguir o seu próprio modelo de desenvolvimento e financiamento».
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Subscreveram esta petição 19 pessoas, entre as quais um tal de “Trás-os-Montes”, que deixou um comentário esclarecedor: “sou transmontano e não quero pagar a dívida das empresas públicas de Lisboa, que superam os 50 mil milhões. Eu nunca andei no metro não tenho dividas nenhumas”. Mas entre os subscritores constam também os nomes de Cavaco Silva e de Alberto João Jardim. Como é que alguém no seu perfeito juízo pode assinar uma petição ao lado destes dois nomes?
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No Facebook, foi criada a página “Uma petição para o Alberto João declarar já a independência da Madeira!”. “Ó homem, Faz-te à vida! Dá corda aos sapatos! Deslarga-me! A independência para eles, já!” são palavras que se podem ler nessa página – mas não se deixe enganar: não há petição nenhuma e é apenas uma daquelas páginas inúteis criadas “só por diversão”. 
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Entretanto, uma “cubana” (é assim que muitos madeirenses chamam aos portugueses do Continente) mantém, há mais de quatro anos, o blogue “Madeira Independente”, que se recomenda vivamente (a sério!), mas que, infelizmente, publica cada vez menos artigos.  
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O blogue Madeira Independente oferece-nos duas ligações como brinde. Uma é o Jornal da Madeira online. 99% (mais coisa menos coisa) das notícias publicadas no Jornal da Madeira online são sobre Alberto João Jardim.
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(“Jardim diz que o esforço deve ser igual para todos”, “Política só vale a pena ao serviço do povo – Jardim lembra que é homem mais para realizar do que para conversar”, “Orgulhoso em fazer dívida com obra para as pessoas – Jardim disse que essa foi a única forma de levar a saúde, a educação e as estradas a toda a Região Autónoma” e “Via Expresso retomou ontem os trabalhos – Jardim anuncia ligação Raposeira/Ponta do Pargo em execução e concurso para a imobiliária da Marina do Lugar de Baixo” são algumas das notícias que se podem ler hoje, 29 de Setembro de 2011, no Jornal da Madeira online).
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Mas, para aqueles que estão sempre a dizer que a comunicação social madeirense não é isenta, esclarece-se que o Jornal da Madeira online também publica notícias sobre a oposição, mesmo em período de campanha eleitoral: hoje, por exemplo, está lá uma, com o título: “Vergonhosa ‘invasão’ do PND nas instalações do Jornal” (reza assim a súmula da notícia: “Tão ridícula quanto a invasão do PND às instalações do Jornal da Madeira foi a cobertura jornalística das televisões e uma atitude de apelo à violência e anti-democrática de um partido que apresenta, com acções destas, uma candidatura às eleições regionais de 9 de Outubro”). Um jornal a seguir.
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A segunda ligação é o blogue “Madeira Minha Vida, Madeira Meu País!”, que já está a caminho dos seis anos de idade (o que nós andámos a perder!). O conteúdo do blogue condiz com o maravilhoso título. O autor explica: “comecei por criar este blog, principalmente por causa de alguns que tem por mania dizer mal da minha Terra”, nomeadamente “esses cubanos”. Continua dizendo que “sinceramente não acredito que haja muita gente que seja tão Regionalista assim como eu” e conclui a introdução ao blogue com um
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“Espero em todos os meus próximos post’s sejam algo cativantes”.
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E são mesmo. Tenho dificuldade em seleccionar um em particular, mas gosto muito, por exemplo, de um que tem por título
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“Acabar com a chulice dos maquinistas e desses comunas dos transportes”
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e que começa assim: “estive no Congresso do PSD/Madeira e quero destacar uma parte do discurso do Dr. Alberto João Jardim que para os madeirenses a viver na Madeira é complicado entenderem, mas aqueles que vivem no continente faz todo o sentido. Os funcionários de qualquer empresa de transportes deste país estão em constante greve, todas as semanas… Mas alguém sabe o ordenado deles?!”. O assunto das greves nos transportes é, aliás, uma preocupação constante do autor deste blogue:
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Estas greves que as empresas de transportes fazem é em Portugal são uma VERGONHA! (…) Se eles querem ter tantos direitos, como têm, deviam ter muitos deveres! Onde estão os deveres destes irresponsáveis? (…) Acabe-se o direito à greve a estes senhores que vivem do Estado! Privatize-se estas empresas... E caso não sejam privatizadas coloque-se as Forças Armadas a fazer algo para o bem da sociedade...”.
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De vez em quando, o autor deste fantástico blogue parece desanimar (“ando sem vontade de escrever o quer que seja… O Mundo parece estar perdido, parece que os dias do fim aproximam-se, e os seres que habitam este planeta em vez de preocuparem-se em ajuda-lo, só estão preocupados com o umbigo!”, ou “Estou num momento de devaneio, de pouca lucidez… de tristeza… não tenho mais forças, para nadar contra as ondas, contra a tempestade...”), mas rapidamente recupera o ânimo e utiliza mesmo com requinte a arma do humor:
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“A Madeira é uma democracia e não vive um reinado, onde alguns acham-se pertencer a uma nobreza e podem fazer o que querem... Eles terão que aprender, mas aprender muito... Antes de tudo deverão acabar o curso que não fazem, nem pagando... Depois antes de acusar quem quer que seja... Aprender a ser genuíno. Porque isto ou se é, ou não se é...”.
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Partilhou connosco a enorme desilusão de Alberto João Jardim ter ficado em 52.º lugar no concurso “Grandes Portugueses”, pelo qual se pretendia eleger "o maior português de sempre"
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(“Ficou em 52º, porém para mim é o 1º!”)
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e a grande alegria do reconhecimento do “Guiness Book”:
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“Este Ano Novo começou bem, sendo atribuído ao espectáculo pirotécnico realizado na baia do Funchal como o MAIOR DO MUNDO… Parece que somos mesmo o povo superior, pelo menos o maior espectáculo do Mundo já temos, e falta dizer que é o melhor…”.
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Termina muitos “post’s” (sic) com um “Madeira minha vida” ou um “Madeira sempre” e as declarações de amor à Madeira são frequentes:
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(“Tu, meu amor… Madeira”)
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(“Não te conhecia quando nasceste, nem quando tão pouco cresceste… porém recordo-me de ti agora, no entanto tenho a certeza que estavas a nascer e o meu coração já batia por ti…”)
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(“Sinto: Saudades das tuas flores, saudades das tuas cores, saudades dos teus perfumes, saudades do teu sabor, saudades do mar profundo e invisível…”).
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Sonhador,
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(“Quem me dera poder alterar a insularidade que existe em cada um de nós...”)
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discursou recentemente no Congresso da JSD/Madeira, e é apontado como futuro líder (“já se comenta no interior da JSD-M que tu és o preferido para suceder a Vânia”, diz um comentador do blogue, “nos cafés já não se fala de outra coisa”, diz outro), mas o autor, seguidor confesso de Alberto João Jardim
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(“A Madeira precisa do Dr. Alberto João Jardim”),
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(“E se Deus pedisse a demissão? Hoje acordamos com a noticia de que o Dr. Alberto João Jardim poderia se demitir para que a grande maioria absoluta PS lhe desse o dinheiro que injustamente foi retirado à Madeira”),
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responde que não é candidato: “eu nunca apresentei-me como candidato a nada e não sou candidato a nada”.
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Madeira Minha Vida, Madeira Meu País!” é um blogue que nos ajuda a compreender melhor a Madeira...
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(nota: esclarece-se que não houve uma só gralha nas transcrições acima feitas...)

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