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Ouvi
com atenção a conferência de imprensa dada há pouco por Maria Luís Albuquerque
e Paulo Portas e fiquei maravilhado com as sucessivas referências aos “sinais
positivos da economia”, ao “momento de viragem”, mas, sobretudo, ao facto de estarmos perto de «concluir com sucesso o
programa de ajustamento”. E que sucesso. No início
do belo programa (2011), as previsões/metas eram as seguintes:
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Em 2013, a taxa de desemprego seria de 13%; vai ser, diz agora o Governo, de
17,4%.
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Em 2014, a taxa de desemprego baixaria para 12,6%; o Governo prevê agora que vai
subir para 17,7%.
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Em 2013, o PIB ia crescer 1,2%; mas vai diminuir 1,8%, segundo a mais recente
previsão do Governo.
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Em 2014, o PIB ia crescer 2,5%; o Governo
prevê agora que cresça 0,8%.
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Em 2013, o défice seria de 3%; mas vai ser de 5,5%, se o Governo o conseguir
cumprir, o que não é provável.
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Em 2014, o défice seria de apenas 1,8%; o Governo prevê agora que vá ser de 4%.
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Em 2013, a dívida pública portuguesa estaria nos 107% do PIB; mas está nos 128%.
Em 2014, a dívida pública desceria para 105% do PIB; mas a previsão da OCDE aponta para um aumento para 132%.
(Vale a pena recordar que a dívida pública portuguesa rondava os 95% do PIB quando o programa começou
a ser executado, e que as medidas iriam "permitir diminuir a dívida pública a partir de 2013"...)
O
programa está a ser um sucesso, de facto. E os portugueses estão a
senti-lo na pele. E vão sentir ainda mais. Para se atingir um défice de 4% em
2014, o orçamento para o próximo ano vai ter de prever novos cortes
dramáticos, de valor superior a quatro mil milhões de euros. Apesar das
insistências dos jornalistas, Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque não
quiseram esclarecer que medidas vêm aí, apesar de já as conhecerem. A ministra
falou, suavemente, de «um conjunto de medidas muito significativo do lado da
despesa»…
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