Paulo Portas, que na
terça-feira tinha tomado a decisão “irrevogável” de sair do Governo, afinal
fica (isto se Cavaco Silva aceitar a continuação deste Governo, o que é o mais
provável, conhecendo-se a peça que os portugueses elegeram Presidente da
República).
Não foi com certeza a insólita reação de Passos
Coelho que levou Paulo Portas a recuar. Foi apenas e tão-só o medo: na quarta-feira, o mundo desabou
em cima de Paulo Portas, com as notícias da subida dos juros da dívida a 10
anos (que, aliás, estão a subir desde Maio) e da queda das ações na Bolsa. Aquilo que se passou esta semana com Portas
faz recordar o enredo do recente livro de Rui Zink, “A Instalação do medo”.
Com ou sem eleições, já ninguém no seu
perfeito juízo duvida de que a este programa de ajustamento se seguirá outro,
tenha ele o nome de “segundo resgate” ou outro qualquer. Porque é inequívoco
que este não resultou.
Não pode haver pior prejuízo para o país do que
a continuação deste Governo, o Governo de todas as trapalhadas, das
inacreditáveis atitudes de revanchismo, das mentiras descaradas, das ilegalidades
recorrentes, das declarações de amor eterno ao programa de ajustamento (até
perceberem que não resultou), da insanidade de ir além do programa de ajustamento e da impavidez
perante a evolução absolutamente dramática registada no país, que estes senhores
têm repetida e desavergonhadamente caracterizado como um “sucesso” (estes senhores insultam-nos de cada vez
que nos vêm falar em “sucesso” do programa de ajustamento).
É pena que
este espetáculo deprimente que temos vindo a viver no país se vá prolongar
ainda por mais algumas semanas ou meses. É Portugal que vai perder.
_
Sem comentários:
Enviar um comentário