Da comunicação que Cavaco Silva acabou de fazer ao país resulta, desde logo, que o presidente da República já não tem confiança neste Governo – ou não invocaria a necessidade de um Governo de Salvação Nacional e a marcação de eleições antecipadas para 2014. Ora, quando já nem Cavaco Silva tem confiança neste Governo, isso diz tudo sobre o Governo que temos e sobre a solução “sólida” e “estável” que Passos Coelho e Paulo Portas dizem ter.
Embora Cavaco Silva não tenha
confiança neste Governo, pretende, ao que parece, sujeitar os portugueses a pelo menos mais um ano
de uma governação que está a dar cabo do país e a minar a democracia. A coerência
nunca foi um forte em Cavaco Silva.
O presidente da República, que
não teve coragem de marcar eleições antecipadas, ficou, em definitivo, corresponsável
pelo que aí vem (que vai passar, inevitavelmente, por um segundo resgate). E
sabe-o bem. A forma que encontrou de tentar fugir a essa responsabilidade foi
invocar a necessidade de um entendimento imediato entre PS, PSD e CDS para os
próximos anos, numa solução de “salvação nacional”. Isto permitir-lhe-á, mais
tarde, atribuir culpas aos partidos por não terem chegado a um consenso (nomeadamente,
ao PS), porque ele "bem avisou".
Dito isto, nem vale a pena tecer
considerações sobre o modo como Cavaco Silva encara a democracia – porque isso
já não constitui surpresa para ninguém.
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