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Registo de comunicações escutadas, Posto de comando do MFA, Pontinha.
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No dia 25 de Abril de 1974, os
oficiais que, na Pontinha, comandavam as operações revolucionárias dispunham de equipamento através
do qual intercetavam as comunicações mantidas entre os elementos ligados ao
regime. Enquanto os revoltosos comunicavam sempre por código na referência a locais,
entidades e nomes de pessoas (ex. Marcelo Caetano era o "Coelho"), de forma a que as suas comunicações não
fossem entendidas, nem descodificadas em tempo oportuno, o mesmo não sucedia do
lado do regime. No posto de comando do MFA, todas as comunicações intercetadas eram
anotadas, e o respetivo registo foi conservado até aos nossos dias. Na imagem: numa das
comunicações intercetadas, ficou a saber-se que Marcelo Caetano, já
refugiado no Quartel do Carmo, aguardava a intervenção dos “Paras”
(Regimento de Para-quedistas). O que os homens do regime não sabiam é que quatro dias antes os “Paras”
tinham garantido ao comandante geral das operações do 25 de Abril (Otelo Saraiva de Carvalho) que não iriam agir contra os revoltosos. Na manhã do dia 25 de Abril,
foi, de facto, dada ordem ao comandante do Regimento de Para-quedistas para que
esta força interviesse; mas o cumprimento da ordem foi recusado. Ao longo do dia,
outras ordens foram sendo recusadas, como aquela dada na fragata da marinha de
guerra estacionada no Tejo para abrir fogo ou
as ordens dadas para disparar sobre Salgueiro Maia na rua do Arsenal. Ao longo do dia, multiplicaram-se por todo o país as adesões à revolução. Poucos eram os que estavam dispostos a defender o regime. A ditadura caiu podre. Nas mensagens que os elementos
ligados ao regime vão trocando entre si, o desespero será crescente ao longo do
dia da revolução.
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