CP revoluciona leis da lógica

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Concentre-se. Tente acompanhar este raciocínio:
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É convocada uma greve para o dia 1 de Janeiro por vários sindicatos de trabalhadores ferroviários. Prevê-se, mais uma vez, uma adesão geral: praticamente todos os comboios serão suprimidos.
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Posteriormente, a CP anuncia uma lista de dezenas de comboios que circularão nesse dia, a título de “serviços mínimos” que, diz a empresa, foram “decretados pelo tribunal arbitral”. Ou seja, a circulação desses comboios será assegurada por alguns dos trabalhadores grevistas, que, alegadamente por imposição do tribunal, teriam de trabalhar nesse dia.
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Dias depois, um dos sindicatos desconvoca a greve. Ou seja, os respetivos trabalhadores vão, afinal, trabalhar naquele dia.
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Por causa dessa desconvocação, a CP anuncia que aqueles comboios já não circularão. Ou seja, como aqueles trabalhadores afinal não fazem greve e vão trabalhar, nenhum comboio vai circular.

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Não conseguiu discernir a lógica? Não desespere. O que sucede é que a sua mente ainda está moldada por leis da lógica que, percebemos agora, milhares de anos depois, não são, afinal, leis universais e eternas.
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Este é, portanto, um momento de grande emoção. Estamos a assistir a uma inesperada reviravolta no pensamento teórico, que promete revolucionar os pilares de toda a ciência. E devemo-lo à portuguesa CP. É um orgulho para todos os portugueses.
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(Estranha-se o silêncio, até agora, da comunidade científica internacional. Parecem continuar a não levar este país a sério.)
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No setor ferroviário, o cenário é agora um pouco confuso e todas as implicações desta nova realidade estão por estudar. O certo é que os utentes dos comboios passarão a desejar ardentemente que as greves não sejam desconvocadas, uma vez que, desconvocada a greve, nenhum dos comboios anteriormente previstos circulará. Os próprios sindicatos terão de rever a sua estratégia de atuação: a garantia de que nenhum comboio circulará passa agora por convocar uma greve e depois desconvocá-la...  
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(Ou…
A CP insiste em anunciar comboios de serviços mínimos que sabe que não se vão realizar. Desta vez, com este desfecho patético. Estarão mesmo convencidos de que somos todos mentecaptos?)
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