A CP anuncia a realização de serviços mínimos alegadamente decretados pelo tribunal arbitral. No dia da greve, os comboios anunciados não circulam. Os passageiros ficam apeados (e revoltados). A CP acusa os sindicatos de não cumprirem os serviços mínimos decretados. Os sindicatos respondem que os cumpriram escrupulosamente. Isto parece-lhe familiar?
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Para o dia de Natal (feriado), a CP anunciou ontem (20 de Dezembro) mais serviços mínimos alegadamente determinados «pelo Tribunal Arbitral nomeado pelo Conselho Económico e Social»:
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A CP está a anunciar à população a realização de um total de 119 comboios no dia de Natal: 22 na linha de Cascais, 42 nas linhas de Sintra e da
Azambuja, 9 na linha do Sado, 15 nos suburbanos de Aveiro, 8 nos suburbanos de
Caíde, 5 nos suburbanos de Guimarães, 2 nos suburbanos de Braga, 6 comboios de
longo curso e 10 comboios regionais. Tudo a título de “serviços mínimos”
impostos pelo tribunal arbitral.
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Mas o número real de comboios de passageiros que foram determinados
pelo tribunal arbitral foi este: zero.
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Relativamente à greve dos maquinistas, o acórdão arbitral, datado de dia 13 de Dezembro (na sequência de anterior acórdão idêntico, proferido no final de Novembro, relativo a outros sindicatos), determinou
apenas, para o dia de Natal, a realização de alguns comboios de mercadorias:
nem um único comboio de passageiros:
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É lamentável que os sindicatos não tenham excecionado da sua greve
o dia de Natal. É lamentável que o tribunal arbitral não tenha determinado a
realização obrigatória de alguns comboios de passageiros. Mas pior do que tudo isto
é a CP estar a fazer crer aos cidadãos que se vão realizar 119
comboios. Muitas pessoas irão, no dia de Natal, para as estações esperar pelos
comboios anunciados, eventualmente depois de comprarem o respetivo bilhete (os que não têm passe), muitos para ir passar o Natal com as suas famílias. O resto da história já se adivinha: os passageiros
vão ficar revoltados; e a CP dirá que os sindicatos não cumpriram os serviços
mínimos…
SPACEÉ inacreditável que isto esteja a acontecer…
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P.S. A comunicação social limita-se a noticiar o conteúdo do comunicado da CP, incluindo a realização de serviços mínimos no dia de Natal (por exemplo, aqui, aqui, aqui e aqui), abstendo-se de fazer uma investigação mínima e de verificar se o tribunal arbitral decretou, de facto, serviços mínimos no transporte de passageiros.
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ADITAMENTO (22/12/2012): ontem, dia 21, ao final da tarde, já depois de haver uma ligação para este artigo do blogue numa página do Público on line, a
CP alterou o aviso no seu sítio da internet, acrescentando o seguinte parágrafo:
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«Face ao incumprimento dos serviços mínimos em greves
similares, a empresa irá continuar a desenvolver todos os esforços para que
seja cumprida a obrigação legal definida não tendo, ainda assim, garantida a
sua plena realização».
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Este parágrafo não constava no aviso inicialmente publicado:
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