Hoje fui ao baeta. Quando estou
no baeta, vou consumindo, contra a minha vontade, um banho de lixo televisivo,
apenas variando o canal sintonizado. Hoje era a RTP1. Ao primeiro corte da
tesoura, pelas 9h30m, começou um noticiário. A primeira notícia era sobre
futebol. O resumo de um jogo em menos de 20 segundos e uma estopada de opiniões
de jogadores e de treinadores que demorou minutos. A segunda notícia foi
sobre futebol. E a terceira. E a seguinte. E mais outra… À medida que as
notícias sobre futebol se sucediam, concluí que se tratava de um noticiário de “desporto”.
(insisto em pôr desporto entre
aspas, porque há muito tempo que o futebol profissional deixou de ser desporto)
Ao fim de 10 minutos inqualificáveis,
em que, de imagens de futebol propriamente dito, só houve aqueles cerca de 20
segundos, e que incluíram um direto de uma jornalista à porta de um tribunal
onde ia decorrer a audiência preliminar num processo judicial de indemnização
movido pelo Benfica a Jorge Jesus, audiência que a jornalista lamentava não
poder ter cobertura jornalística,
(se soubessem realmente o que é
uma audiência preliminar, não tinham posto lá os pés, mas já não digo nada)
surge, inesperadamente, uma
notícia sobre a anunciada reabertura de tribunais encerrados pelo anterior
Governo. É então que constato que se tratava de um noticiário normal, e não de um noticiário desportivo. Digo “normal”
porque isto, apesar de ser completamente absurdo, já não é anormal.
Eu
(que, num passado longínquo, até
fui um ávido amante de futebol, ao ponto de ter chegado a ter cartão de sócio)
passei de uma fase de enjoo
para uma fase de crescente aversão ao futebol. Estou convicto de que irreversivelmente
crescente. São anticorpos. Diariamente vou gerando cada vez mais anticorpos
contra o futebol.
(é chato, vivendo num país
alienado pelo futebol)
É, pois, com “muita pena” que
não assisti à reportagem televisiva que Bagão Félix descreveu anteontem no
blogue Tudo Menos Economia, sob o título “Esqueci-me de ver a marca dos
autocarros!”. A ler, aqui. Não é preciso acrescentar mais nada.
(nota sobre o título: não conheço, em Portugal, pessoa que tenha mais aversão ao mundo do futebol do que Pacheco Pereira. Bagão Félix é - ou era - adepto do futebol)
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