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O Governo anda a propagandear,
desde anteontem, que o défice de 2013, que terá sido de cerca de 5% (número provisório),
foi “inferior ao défice que tinha sido previsto e acordado com a troica”. A Ministra
das Finanças cantou, entre sorrisos, que «as metas orçamentais de 2013 foram mais do que
cumpridas»; Miguel Frasquilho “lembrou”, triunfalmente, que nos preparamos «para atingir em
2013, pela primeira vez desde 2007, um défice
público inferior ao previsto e, neste caso, inferior ao contratualizado com a
troika»; a comunicação social tem
repetido, até à exaustão, que o défice ficou abaixo do previsto. No jornal Público
de ontem, por exemplo, escreveu-se que «Portugal terá encerrado o ano passado com um défice inferior aos 5,5% previstos inicialmente pelo Governo».
Ora, puxemos um pouco pela
memória, porque recuar um ano não implica um esforço assim tão
grande: 0 défice previsto no Orçamento de Estado para 2013 não foi de 5,5%, mas sim de 4,5%.
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Relatório do Orçamento de Estado
para 2013 disponível aqui.
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O défice de 2013 (a confirmar-se que
foi de 5%, o que só se saberá lá para Março) ficou, pois, acima do valor de 4,5% previsto
pelo Governo e pela troica.
Os 5,5% que estão agora a ser usados como termo de comparação foram anunciados pelo Governo e pela
troica 7 meses depois, já durante a execução do orçamento de 2013, quando se percebeu que os 4,5% previstos eram irrealistas e se tornou necessário corrigir a previsão anterior (que, por sua vez, já era uma revisão de uma previsão inicial de 3% de défice).
Patéticos são os festejos do Governo, perante a triste realidade do país.
P.S. Pelas contas de Paulo Trigo Pereira, em artigo publicado hoje no jornal Público, a descida real do défice (sem medidas extraordinárias), relativamente a 2012, foi de apenas 0,1%. Isto apesar do aumento brutal de 35,5% no IRS cobrado aos portugueses em 2o13.
P.S. Pelas contas de Paulo Trigo Pereira, em artigo publicado hoje no jornal Público, a descida real do défice (sem medidas extraordinárias), relativamente a 2012, foi de apenas 0,1%. Isto apesar do aumento brutal de 35,5% no IRS cobrado aos portugueses em 2o13.
(nota: este texto referia inicialmente que a nova previsão de 5,5% de défice foi feita a três meses do final do ano. Na verdade, foi uns meses antes)
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