2.10.13

Autárquicas XVI: Cascais: mais quatro anos de coisas fantásticas

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Carlos Carreiras, Presidente da Câmara de Cascais desde que, em 2011, António Capucho abandonou o cargo a meio do mandato, é um desses fiascos que de vez em quando são inexplicavelmente referidos como sendo bons presidentes de câmara.
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Resido no concelho de Cascais. Durante esta campanha eleitoral, recebi muita propaganda na minha caixa de correio, incluindo de Carlos Carreiras (PSD+CDS). Tentei conhecer o programa de Carlos Carreiras, mas em vão: nem na Internet era possível ficarmos a saber o que é que Carreiras pretendia fazer na Câmara Municipal de Cascais caso fosse eleito (candidatou-se a presidente de câmara pela primeira vez).
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A candidatura de Carlos Carreiras, denominada “VivaCascais”, editou quatro números de um jornal de campanha, cujo conteúdo consistia, basicamente, na bajulação do candidato-presidente, com muitos “testemunhos” de gente “anónima” e de gente conhecida, que diziam coisas como

«Estou com o VivaCascais porque sei que está a ser liderado pelo dr. Carlos Carreiras, uma pessoa que eu estimo e que tenho muita consideração»
ou
«Apoio a coligação VivaCascais porque sou de Cascais, trabalho em Cascais, toda a vida estudei em Cascais e por tudo o que a Câmara de Cascais tem feito pelo nosso concelho que são coisas fantásticas»

mas era um jornal de conteúdo informativo nulo quanto ao programa proposto para os próximos quatro anos. Logo no primeiro número, o Diretor de Campanha anunciava que esta iria ser uma «campanha diferente», sem promessas, em que a candidatura se iria limitar a
«lembrar tudo o que é Cascais. Nem mais nem menos do que isso. E Cascais é um dos concelhos melhor geridos em todo o país. Para se viver, para se trabalhar, para estudar ou simplesmente para passear. Cascais é isto. E todos somos Cascais».
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Carlos Carreiras pediu, pois, um verdadeiro cheque em branco aos eleitores. 
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(e assim ninguém poderá acusá-lo de não ter feito o que disse que ia fazer)
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E os cascalenses deram-lhe de mão-beijada esse cheque em branco, elegendo-o seu Presidente da Câmara por quatro anos.
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Nestas eleições, Carlos Carreiras perdeu 25% dos eleitores que tinham votado na coligação em 2009, o que é significativo (e houve mais de 9% de votos brancos ou nulos, quase o triplo de há quatro anos, um sinal evidente de protesto). Carreiras ganhou, mesmo assim, a maioria absoluta (por um mandato de diferença), que lhe foi conferida… por uma minoria de votantes: o concelho de Cascais continua a ser uma vergonha em níveis de participação cívica: só pouco mais de um terço dos eleitores é que se dignaram a ir votar (um pouco menos do que em 2009).
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(talvez esta falta de consciência cívica faça parte do “fantástico concelho” descrito nos jornais de campanha de Carlos Carreiras)
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De forma que nos próximos quatro anos Cascais vai ser governado por um presidente de câmara, com maioria absoluta, no qual votaram só 16% dos eleitores cascalenses, que não fazem ideia do que é que o homem pretende fazer.
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Para Cascais, serão certamente mais quatro anos cheios de “coisas fantásticas”… (como esta).
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