30.9.13

Autárquicas XIV: Os resultados (II)

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7 – A vitória de pirro de António Costa em Lisboa
A governação de António Costa em Lisboa, nestes últimos 6 anos, tem sido sobrevalorizada. Tratou-se de uma governação muito desequilibrada, que foi negativa ou mesmo muito negativa em algumas áreas importantes (limpeza urbana, ruído, património, gestão do espaço público, segurança rodoviária, urbanismo, mobilidade, transparência…). Poderá dizer-se que foi um presidente de câmara acima da média. Simplesmente, a média é baixa. E não devemos nunca perder o sentido da exigência.
A percentagem obtida por António Costa nas eleições de ontem (51%) é impressionante, e a distância para o PSD de Fernando Seara foi gigantesca. Mas, perante um adversário muito fraquinho (Seara), António Costa nem sequer conseguiu segurar os eleitores que votaram nele há quatro anos: perdeu 7 mil votos nestas eleições, por comparação com as autárquicas de 2009 (em contrapartida, o número de votos brancos e nulos - 16 mil - mais do que duplicou). É preciso ter cuidado antes de se falar de uma "vitória estrondosa" em Lisboa e de um "reforço" da votação de António Costa.
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8 – Outras vitórias agridoces
Tal como no caso de António Costa, cantou-se “grande vitória” em casos em que, apesar da conquista da autarquia, se perdeu eleitores. Dois exemplos: a CDU conquistou a câmara de Beja, mas perdeu eleitores, comparativamente com as eleições de há quatro anos, enquanto o número de votos brancos e nulos mais do que duplicou; o PS conquistou a câmara de Coimbra, mas perdendo mais de 7% de votos em relação a 2009, enquanto o número de votos brancos e nulos mais do que duplicou (atingindo mais de 8%).
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9 – A vitória de Rui Moreira no Porto e os independentes
A vitória de Rui Moreira no Porto significa que, pela primeira vez, uma das principais câmaras do país não foi ganha por um dos grandes partidos: foi um dos factos mais relevantes destas eleições.
As listas independentes conquistaram 13 câmaras municipais e, em número de votos, já valem mais do que CDS e BE juntos. Se aos votos dos independentes somarmos os votos brancos e nulos, temos um número próximo da votação obtida pelo PSD, o que é impressionante.
Tem havido, pelo país, casos interessantes de câmaras governadas por independentes. Mas não nos esqueçamos de que, quando falamos de independentes, estamos a falar também de Avelino Ferreira Torres (que desta vez não conseguiu ser eleito em Marco de Canaveses), de Valentim Loureiro ou de Isaltino Morais, e de pessoas que só não se candidataram pelos seus partidos de sempre porque estes não quiseram.  
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10 – A humilhação de Alberto João Jardim
Na Madeira, feudo inexpugnável do PSD, que detinha todas as câmaras municipais da região, o PSD só ganhou 4 das 11 câmaras, ou seja, pouco mais de um terço, e perdeu a mais importante (Funchal). Alberto João Jardim não teve a inteligência de abandonar o poder a tempo (= antes de acabar o dinheiro). Depois da quase humilhação nas eleições internas do PSD-Madeira no final de 2012, chegou a vez da humilhação nas urnas. Muito dificilmente haverá retorno: aproxima-se o fim de Jardim, o inqualificável governante que o PSD nacional tem, vergonhosamente, continuado a apoiar.
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11 – As derrotas humilhantes dos salta-concelhos Luís Filipe Menezes, Fernando Seara e Moita Flores
Aspiravam a ganhar as eleições, mas tiveram derrotas estrondosas: Luís Filipe Menezes (Porto, PSD), Fernando Seara (Lisboa, PSD e CDS) e Moita Flores (Oeiras, PSD) tiveram as derrotas humilhantes que mereciam. Fica a esperança de que em breve saiam de cena.
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