30.9.13

Autárquicas XIII: Os resultados (I)

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1 – Renovação
A lei da limitação de mandatos trouxe uma renovação nas chefias dos governos autárquicos. Bendita lei.

2 – Derrota histórica do PSD
A existência de coligações (e de várias combinações de coligações) dificulta muito a análise dos resultados do PSD. Mas, qualquer que seja o critério comparativo, o PSD teve uma derrota histórica. Sozinho, perdeu mais de 400 mil votos; sozinho e coligado, perdeu mais de 550 mil votos; e, sobretudo, nunca tinha tido tão poucos presidentes de câmara: o pior resultado de sempre do partido.

3 – Vitória amarga
O PS perdeu 250 mil votos, comparativamente com as eleições autárquicas anteriores, o que é digno de nota.
Mas, por outro lado, conseguiu um resultado histórico: quase metade das presidências de câmara do país (148 em 307). Não é só o melhor resultado de sempre do partido em eleições autárquicas: no regime democrático, nunca um só partido tinha conquistado tantas câmaras municipais em Portugal. Infelizmente, são más notícias para Portugal, porque pode significar a manutenção de António José Seguro à frente do PS.

4 – Pequena subida da CDU
A CDU teve mais 13 mil votos do que em 2009 (de 539 592 para 552 373 votos) e ganhou mais 6 câmaras do que há quatro anos (34 em vez de 28). É um reforço de votação, mas não muito significativo. O PS perdeu 250 mil votos e o BE (que quase desapareceu como partido autárquico) quase 50 mil: 300 mil votos no total. Não se pode, com seriedade, falar de uma grande transferência de votos para a CDU, a partir de um crescimento modesto de 13 mil votos (crescimento de 2%).

5 – CDS e o contentamento de Paulo Portas
Paulo Portas cantou vitória por ter ganho mais 4 câmaras do que em 2009 (5 em vez de 1). Mas o CDS perdeu 20 mil votos nestas eleições (de 171 mil para 151 mil: queda de 11%), e perdeu ainda votação e mandatos nas várias coligações em que se candidatou.
No total, PSD e CDS, os parceiros de coligação no Governo, sozinhos e em coligações, perderam perto de 600 mil votos e 27 câmaras municipais e tiveram alguns resultados humilhantes (com Lisboa à cabeça): não houve motivo para aquele regozijo.

6 – O voto de protesto: número de brancos e de nulos mais do que duplicou
Quase 7% de votos brancos (3,9%) e nulos (3%), 350 mil votos: mais do que as votações de CDS e BE juntos. Houve concelhos bastante populosos (Sintra, Cascais, Oeiras, Seixal, Vila Nova de Gaia, Maia, etc.) em que a percentagem de pessoas que se deslocaram às assembleias de voto para depositar nas urnas um voto branco ou nulo rondou os 10% (em Gondomar, ultrapassou os 15%).
O facto é extraordinariamente significativo e diz muito da baixa qualidade média dos candidatos em muitas autarquias e do descontentamento de muitos eleitores.

(Relativamente à abstenção, as comparações não são fáceis, porque os cadernos eleitorais estão outra vez muito desatualizados e ocorreu muita emigração nos últimos quatro anos).
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